Com o ano de 2019 apenas começando, 126 mulheres já tinham sido mortas no Brasil durante o mês de janeiro, segundo dados da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Agora, os líderes de direitos humanos estão pedindo ao governo brasileiro que faça mais para impedir a violência de gênero e proteger mulheres e meninas.
O órgão de direitos humanos da Organização dos Estados Americanos divulgou um comunicado chamando de "alarmante" a taxa de violência relacionada ao gênero no país.
Em todo o Brasil, quatro mulheres foram assassinadas, em média, a cada dia, e 67 sofreram tentativas em 2019. O Brasil tem uma das maiores taxas de feminicídio - a morte de mulheres simplesmente por serem mulheres - na América Latina. Aproximadamente 40% dos assassinatos de gênero na região ocorrem dentro de suas fronteiras.
"O assassinato de mulheres é a forma mais extrema de violência e discriminação e representa flagrante violação de seus direitos humanos", afirmou a comissária Antonia Urrejola, relatora da CIDH no Brasil.
"Vemos com preocupação o elevado número de feminicídios, bem como as trágicas consequências que as tentativas de assassinato têm para as vítimas e suas famílias, bem como os profundos efeitos psicológicos, emocionais e físicos que essas agressões acarretam", completou a relatora.
Muitas vítimas de feminicídio são mortas por parceiros íntimos e também sofreram de violência doméstica durante a vida. Essa tendência alarmante é "o resultado de valores sexistas profundamente enraizados na sociedade brasileira", segundo a CIDH.
Em um esforço para reduzir as taxas de feminicídio, o Brasil aprovou uma lei em 2015 sentenciando o crime com penas de até 30 anos, mas o homicídio de mulheres continua sendo um grande problema no país.
Embora os países da América Latina tenham algumas das taxas mais altas de feminicídio, a violência de gênero é um problema global, que afeta aproximadamente 20% das mulheres e meninas em todo o mundo, segundo a ONU.
As mulheres que vivem na miséria e as que pertencem a minorias raciais e à comunidade LGBTQ estão entre as mais vulneráveis ao feminicídio e a outras formas de violência de gênero.
O anúncio da alarmante taxa de feminicídio no Brasil ocorreu poucas semanas depois que o Papa Francisco ter chamado o assassinato de mulheres de "praga" na América Latina. Em 2017, pelo menos 2.795 mulheres foram mortas por causa de sua identificação sexual em toda a região.
Os defensores dos direitos das mulheres exigem mudanças urgentes.
"A comissão apela para o Estado brasileiro implementar estratégias abrangentes para impedir esses atos, cumprir sua obrigação de investigar, processar e punir os responsáveis, além de oferecer proteção e suporte a todas as vítimas", afirmou a CIDH em comunicado.
À medida que o governo brasileiro toma medidas para combater a violência contra as mulheres dentro de suas fronteiras nacionais, todos ao redor do mundo devem se mobilizar pela defesa dos direitos de mulheres e meninas, promovendo desta forma a igualdade de gênero.