Analisando, em retrospectiva, as pautas das cúpulas anteriores do G7, você verá muitos dos mesmos temas: redução da desigualdade, promoção da igualdade das mulheres e avanço da segurança global.

Este ano, a lista de tarefas para os líderes de sete das mais importantes potências econômicas e políticas do mundo é longa — que vão desde a tomada de ações significativas sobre as mudanças climáticas e o combate à crise da fome até a liberação de financiamentos para acabar com a extrema pobreza.

Embora o Grupo dos 7, conhecido como G7, não tenha o mesmo poder de implementar políticas globais, como organizações como as Nações Unidas, ele inclui países que têm uma influência global desproporcionalmente grande — Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos — juntamente com representantes da União Europeia, que também são convidados para todas as reuniões do G7 com status de observadores.

Os grupos humanitários acompanham de perto as reuniões, pois seus resultados podem afetar a ajuda ao desenvolvimento no exterior, a luta contra a pobreza global e o investimento em ações climáticas, entre outras coisas.

A reunião deste ano, que será realizada na cidade de Fasano, na Apúlia, Itália, de 13 a 15 de junho, é particularmente importante porque, para ser franco, o mundo tem muitos desafios urgentes a serem resolvidos no momento: mudanças climáticas, a crescente crise humanitária em Gaza, e uma crise global de alimentos, para citar alguns — com todas essas crises empurrando um número cada vez maior de pessoas para a extrema pobreza.

Portanto, vamos dar uma olhada no G7 e como ele surgiu, no que a Cúpula de Líderes precisa focar este ano e como todos nós podemos usar nossas vozes para pedir aos líderes do G7 que usem esta oportunidade para promover uma mudança real e positiva.

Como e por que o G7 foi formado?

Após a crise do petróleo de 1973, os ministros das finanças de seis das principais economias do mundo — França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e EUA — formalizaram as conversas que vinham tendo sobre o estado da economia global e da política internacional.

Os líderes tinham acabado de presenciar como as interrupções de um commodity global crucial — o petróleo — poderiam levar a perdas generalizadas de empregos, inflação em alta e colapso do comércio.

Um efeito dominó que eles queriam evitar no futuro.

Foi então que eles decidiram se alinhar na mesma página, criando o que formalmente chamaram de “Grupo dos 6” ou G6. Durante alguns dias em Rambouillet, França, em 1975, eles discutiram temas que foram desde o comércio multilateral até o papel das democracias no desemprego.

A partir dali, o grupo continuou a se reunir regularmente — inclusive na Cúpula anual de Líderes — e sua composição evoluiu ao longo do tempo. O Canadá foi adicionado em 1976, transformando o grupo em G7, seguido pela Rússia em 1994, ampliando para G8. Posteriormente, a Rússia foi suspensa do grupo após a anexação da Crimeia em 2014, e o grupo voltou a ser o G7, com representantes adicionais da União Europeia.

Quem participa da Cúpula do G7?

A Cúpula é frequentada pelos chefes de estado e de governo dos sete estados membros, representantes da União Europeia, e estados e organizações internacionais convidados pela Presidência.

Jornalistas, ONGs e a sociedade civil também são convidados. Este ano, inclusive, o Papa Francisco irá comparecer — o primeiro papa a fazer isso.

O que a Cúpula do G7 pode fazer?

O G7 é um fórum político global. O grupo inclui sete das nove maiores economias do mundo, sete dos 15 países com maior riqueza per capita, sete dos 10 principais exportadores e sete dos 10 principais doadores das Nações Unidas. 

Mesmo sem o G7, estes países teriam um poder tremendo para definir as prioridades da economia global. Mas o G7 amplifica a sua influência individual e atua como uma força estabilizadora no meio do tumulto das transições internas de poder. Os membros do G7 convidam regularmente líderes convidados para participar e têm apoiado uma ramificação chamada G20 para permitir que mais países do mundo tenham a oportunidade de se alinharem nas questões econômicas.

A presidência do G7 é rotativa anualmente. Dado que o grupo é apenas uma associação informal e não uma organização institucionalizada, o país que preside – a Itália este ano – tem uma responsabilidade especial e pode influenciar significativamente a agenda.

Ao longo dos anos, o G7 confrontou o colapso nuclear de Chernobyl, eliminou a dívida dos países de baixos rendimentos, mobilizou fundos para a malária e o VIH/SIDA e promoveu questões como a igualdade de gênero. No entanto, o grupo também foi criticado por perpetuar a desigualdade global ao proteger o status quo econômico – o G7 representa apenas 10% da população mundial – e ao não abordar de forma significativa as crises globais, como as alterações climáticas. 

Embora o G7 não aprove diretamente leis ou regras, os membros publicam todos os anos um documento, redigido pelo país anfitrião, destinado a moldar e influenciar a governança global e os processos de tomada de decisão. Contudo, no passado, muitas das palavras contidas nas declarações finais das reuniões do G7 nem sempre foram seguidas de ações concretas.

O que está na agenda deste ano?

Este ano, a Itália ocupa a presidência do G7. A primeira-ministra Giorgia Meloni afirmou: “Temos uma grande responsabilidade sobre os nossos ombros e pretendemos honrá-la da melhor maneira possível, mostrando mais uma vez quão capaz a Itália é para traçar o caminho a seguir”.

Nas suas próprias palavras, as principais áreas de foco da presidência italiana são a guerra da Rússia contra a Ucrânia; o conflito no Oriente Médio, com as suas consequências para a agenda global; compromissos com a África e a região Indo-Pacífico; migração; a crise climática; segurança alimentar, e os riscos e oportunidades da IA (Inteligência Artificial). 

Embora a Cúpula dos Líderes na Apúlia seja o ponto alto, a presidência do G7 estende-se ao longo de todo o ano.

Tanto antes como depois da reunião dos chefes de Estado e de governo, realizam-se, em maio, importantes reuniões dos respetivos ministros sobre os temas das finanças, política externa, clima, saúde e desenvolvimento, onde são negociadas posições conjuntas e medidas concretas.

Por que esta edição da Cúpula do G7 é tão importante?

Guerras e conflitos violentos, fome global, uma crise na dívida mundial e uma emergência climática — o mundo atravessa atualmente múltiplas crises que estão a inverter os progressos significativos já alcançados nas últimas décadas para acabar com a pobreza extrema.

O Banco Mundial estima que as crises recentes afastaram o planeta ainda mais do objetivo global de acabar com a pobreza extrema até 2030. A taxa de diminuição da pobreza global não só desacelerou, como seguiu na direção oposta.

De acordo com o Programa Alimentar Mundial, 828 milhões de pessoas vão para a cama com fome todos os dias. E o número de pessoas em nível mundial que foram deslocadas das suas casas ultrapassou os 110 milhões, um marco “impressionante”, de acordo com a ACNUR, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados. 

A necessidade de agir agora é maior do que nunca. Porque no meio de todas as crises, não devemos esquecer que é possível um futuro justo, sustentável e saudável para todas as pessoas, em todos os lugares.

O roteiro para alcançar este propósito são os Objetivos Globais das Nações Unidas — 17 metas que trabalham em conjunto para acabar com a pobreza extrema e as suas causas sistêmicas, desde as alterações climáticas à desigualdade de gênero, da desigualdade na saúde à fome.

No meio das crises globais em curso, não podemos permitir que os líderes percam de vista estes objetivos – o que é necessário agora é a unidade global, a cooperação e a ação para os alcançar.

Como você pode agir agora para ajudar

No G7 deste ano, verdadeiras ações precisam ser tomadas. Estamos pedindo aos líderes do G7 que dêem esses quatro passos ousados:

  1. Uma renovação bem-sucedida do IDA21 (Associação Internacional para o Desenvolvimento);
  2. Fazer história ao explorar ao máximo o potencial dos Direitos Especiais de Saque (DEGs)
  3. Negociar a dívida mundial;
  4. Colocar o histórico acordo COP28 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas) em ação.

Você pode se juntar a nós baixando o aplicativo da Global Citizen e agindo para ajudar a garantir que os líderes ouçam as vozes dos Global Citizens ao redor do mundo. Juntos, podemos influenciar líderes mundiais a ouvir nossas vozes agora e tomar as ações verdadeiras e transformadoras necessárias para enfrentar os desafios globais que estamos enfrentando atualmente, e entregar um mundo justo, igual e equitativo para todos.

Global Citizen Explains

Exija Equidade

A Cúpula do G7 2024 está chegando — Veja Por Que Todo Global Citizen Deveria Prestar Atenção

Por Joe McCarthy  e  Tess Lowery